Baniwa



Foto: Luiz Prado/AE

O único grupo indígena originário de outra região, que ainda permanece nas imediações do Demene, está praticamente aculturado. O "capitão" Francisco Miguel, de 50 anos, é o líder da tribo baniwa, oriunda do rio Içana, afluente da margem direita do rio Negro, no noroeste do Amazonas. Junto com dois irmãos, Alberto e Laureano, ele saiu de sua aldeia com o objetivo de ir trabalhar em Manaus. Chegando em Barcelos, em 1985, eles foram levados para a aldeia de Pai Raimundo, na margem direita do rio Demene, pelo prefeito da cidade, e conseguiram a posse de terras.

Já instalados, trouxeram filhos e parentes, que hoje somam 44 pessoas, subsistem como ribeirinhos, plantam mandioca e vendem farinha. A única atividade tribal mantida é o artesanato de cestos e balaios com a fibra de arumã, uma cana sem gomos. O artesanato é vendido pela FUNAI, Fundação Nacional do índio, e o dinheiro obtido se emprega na compra de alimentos e artigos de subsistência.

Até o arco e flecha foi praticamente abandonado, resistindo apenas como brincadeira de criança. Os índios caçam com espingardas, mas é comum ficarem vários dias sem caça por falta de munição.

O patriarca João Miguel, pai dos três índios que iniciaram a migração e dominam a comunidade, é o único que fala fluentemente o dialeto tribal, comunicando-se pouco em português. Apesar de estar com mais de 70 anos de idade é ele quem ainda faz as canoas escavadas no tronco de madeira itaúba, usadas pelo grupo.

O futuro da tribo é tão incerto quanto o da nação a que pertencem (os arauacas). O primeiro casamento na nova localidade já uniu uma filha do índio Laureano com um branco.