A BACIA DO DEMENE



Foto: Rodrigo L. Mesquita/AE

Situada no alto rio Negro, a bacia do rio Demene reveste-se de características muito especiais. Trata-se de um rio transhemisférico, que nasce no hemisfério norte a cerca de 2 graus de latitude norte, na fronteira da Venezuela. Deságua na margem esquerda do rio Negro, após receber vários afluentes importantes como o rio Cueiras e o Aracá. No seu trajeto rumo ao sul atravessa e drena sistemas ecológicos equatoriais extremamente variados e pouco conhecidos: campos de altitude em suas nascentes, áreas de savanas, lavrados, campinas, campos de várzeas, além de vários tipos de florestas tropicais úmidas.


Foto: Rodrigo L. Mesquita/AE

A presença humana é rara, discreta e limitada a sua calha - raros aldeamentos indígenas ianomamis e aparentemente menos de cincoenta famílias ribeirinhas em todo seu curso. Suas águas são frequentadas por barcos de pesca, sobretudo de peixes ornamentais, em sua maioria vindos da cidade de Barcelos. Alguns de seus igarapés tem sido prospectados por garimpeiros de forma esporádica. A FUNAI mantém um controle razoável do acesso a seu alto curso a partir da aldeia Ajuricaba. Os recursos faunísticos ainda são relativamente abundantes e preservados, mas a caça às tartarugas tem reduzido sensivelmente seus efetivos.

A sua bacia ilustra bem o potencial e os problemas das áreas ainda preservadas da Amazônia brasileira. Um maior conhecimento científico da área e a divulgação das informações geradas poderia servir para garantir não somente o seu futuro, mas o de outras regiões, a partir dos exemplos positivos passíveis de generalização. A natureza e o homem criaram um grande laboratório na região. Este trabalho busca utilizá-lo para que os brasileiros conheçam melhor os problemas e as soluções possíveis para os desafios amazônicos.

Saiba mais sobre o rio Demene:


Foto: Luiz Prado/AE

Os 600 Km de extensão do rio Demene, hoje são ocupados por apenas 31 famílias ribeirinhas e ao norte por grupos de índios Ianomamis. Lá, ainda há tempo de conciliar desenvolvimento e preservação.



Foto: E. E. de Miranda/Ecoforça

No alto Cuieiras, afluente da margem direita do rio Demene, uma paisagem semi-desértica toma o lugar da floresta densa. As dunas de areia são o testemunho de outras épocas onde um lago imenso recobria a região. Depósitos de areia nos deltas dos rios que desaguavam nesses lagos deram origem, sob o clima atual, aos sistemas dunais existentes. A vegetação esparsa é o resultado da extrema pobreza e acidez do solo, e pode pegar fogo facilmente.