Da Amazônia para os aquários do mundo


Reportagem de Gabriel Nogueira, jornalista da Agência Estado, AE


Foto: Luiz Prado/AE

O mercado de peixes ornamentais é vastíssimo e continua em crescimento. Somente nos Estados Unidos há 24 milhões de "aquaristas", informa Daniel Rejman, presidente da Associação de Exportadores de Peixes Ornamentais do estado do Amazonas. No Brasil, no entanto, houve uma retração a partir da entrada dos asiáticos no mercado.

Os peixes ornamentais da Amazônia mais exportados são o acará (Pterophyllum scalare), o cardinal (Paracheirodon axelrodi), o rosacéu (Hyphessobrycon sp) e o lápis (Nannostomus sp). Mas existe uma relação de mais de 86 espécies atualmente coletadas nos igarapés e lagoas da região.

O pico da exportação ocorreu em 1979, quando 20 milhões de peixes ornamentais foram parar nos aquários do mundo. Nos últimos anos, entretanto, o volume exportado estabilizou-se. Conforme estudo do biólogo Jansen Zuanon, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, INPA, da estabilização decorreu uma queda na participação brasileira no mercado internacional, queda essa reforçada pela concorrência de peixes exportados também pelos países vizinhos, como Peru, Colômbia e Venezuela.

Os peixes tropicais representam, segundo Zuanon, 17,6% do total de exemplares comercializados nos Estados Unidos. Desse percentual o Brasil tem 6% em unidades, mas apenas 3,5% em dólares. A Colômbia, ao contrário, vende peixes mais valiosos: tem 5% dos exemplares vendidos e 11% do total em dólares.

"O frete é um dos fatores que inviabiliza a exportação. Na Colômbia o frete é um terço menor", diz Daniel Rejman, da Associação de Exportadores. Os comerciantes reclamam ainda de uma portaria do IBAMA, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, que restringiu a 86 o número de espécies cuja captura é autorizada. Antes da portaria (editada em 1990) mais de duas mil espécies saíam dos portos da Amazônia para o exterior, incluindo peixes comestíveis e arraias.

"Antes se exportava até peixes importantes para a economia local, como o pirarucu, o que era uma ameaça, porque os asiáticos poderiam desenvolver técnicas para criação em cativeiro, como fizeram com os ornamentais", defende o superintendente do IBAMA, José Amauri da Silva Maia. O Ibama também proibiu a coleta de cardinais entre 1 de maio e 31 de julho, considerado como período de reprodução. A medida pretende evitar a sobrepesca. "Mas não há pesquisa e nem se sabe ao certo se esse é o melhor período de defesa", lamenta Jansen Zuanon.

A ausência de pesquisa também restringe a rentabilidade dos negócios brasileiros. Nos países importadores onde há pesquisa em aquarismo - como Alemanha, Holanda, Singapura e Hong Kong - os exemplares amazônicos são modificados geneticamente para ganhar novos matizes, cores e tamanhos, mais próprios aos aquários. "É um mercado muito rentável, mas não se desenvolve no Brasil por falta de investimento", diz Fábio Bonfá, especialista em peixes ornamentais. Além de faltar pesquisa, os hábitats são destruídos e a pesca é excessiva. "Em alguns casos até se depende da criação de cativeiro no exterior para não se extinguirem espécies", acrescenta Bonfá.


Foto: Paulo Vitale/AE

Os machos têm barbatanas dorsais alongadas em forma de foice, que se desenvolvem com a idade e são mais longas do que as das fêmeas. Headstander listrado (Anostomus anostomus) - O corpo é alongado e parece rígido, pois o peixe nada apenas com pequenos movimentos de cauda. Particularmente notável por sua minúscula boca voltada para cima, que o obriga a assumir posições curiosas para se alimentar. É apreciador de algas filamentosas. Peixe territorial, convém mantê-lo isolado ou com um grupo grande de exemplares da mesma espécie. Deve ser conservado num tanque bem coberto porque salta.